Produto orgânico contaminado foi distribuído em diversos países europeus; autoridades investigam ligação com dezenas de internações infantis.
Autoridades sanitárias alemãs e austríacas confirmaram um surto de Salmonella Infantis associado ao consumo de uma manteiga de castanha de caju orgânica com framboesa, vendida sob a marca dmBio. O produto foi retirado do mercado após análises laboratoriais identificarem a presença da bactéria, que já causou mais de 60 casos da doença — a maioria entre crianças com menos de 4 anos.
Na Áustria, foram registrados 13 casos, com destaque para os estados de Caríntia, Alta Áustria, Salzburgo, Estíria, Tirol e Vorarlberg. Oito crianças necessitaram de hospitalização. As autoridades de saúde estão em alerta e recomendam que o produto, identificado como dmBio Cashewmus Himbeere 250g com validade até 28 de abril de 2026, seja descartado imediatamente caso ainda esteja em posse dos consumidores.
Na Alemanha, o Instituto Robert Koch (RKI) confirmou 52 casos, todos em crianças de até 4 anos, com predomínio de bebês com menos de 1 ano. As entrevistas conduzidas com os responsáveis revelaram rapidamente o consumo do produto contaminado, o que reforçou a ligação epidemiológica.
O produto também foi exportado para outros países europeus, incluindo Croácia, Itália, Polônia, Eslovênia e República Tcheca, segundo o sistema de alerta rápido da União Europeia (RASFF). Apesar de o foco atual ser na Europa, o caso serve como alerta para profissionais da área de alimentos no Brasil sobre os riscos associados ao consumo de alimentos infantis com ingredientes de origem vegetal minimamente processados.
O surto reforça a necessidade de atenção especial a produtos voltados ao público infantil, especialmente os de origem orgânica ou artesanal, que muitas vezes passam por processos produtivos menos rígidos. No contexto brasileiro, profissionais de segurança dos alimentos devem revisar seus planos de APPCC e BPF relacionados à produção, importação e comercialização de alimentos com ingredientes como castanhas e frutas vermelhas, que já são reconhecidamente suscetíveis à contaminação por Salmonella.
Outro fator crítico é o longo prazo de validade do produto (até 2026), que pode permitir que ele continue em circulação por meses, aumentando o risco de exposição mesmo após o recall. No Brasil, essa situação destaca a importância de rastreabilidade eficiente e campanhas públicas eficazes para garantir a retirada dos produtos contaminados das casas dos consumidores.
Embora o surto não envolva diretamente o Brasil, ele traz aprendizados importantes sobre:
- Validação de tratamento térmico em produtos com frutas e castanhas.
- Monitoramento microbiológico de produtos prontos para consumo (sem cocção posterior).
- Análise de riscos específicos em produtos infantis.
- Importância da rastreabilidade e sistemas de recall eficazes.
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