Autoridades americanas seguem rastreando contaminações em pepinos e outras fontes; situação destaca pontos críticos no controle de segurança de alimentos frescos.
O Food and Drug Administration (FDA), órgão equivalente à ANVISA nos Estados Unidos, continua investigando diversos surtos de doenças alimentares em curso. O caso mais recente envolve um surto de infecções por Escherichia coli O145:H28, já com 11 casos confirmados. Embora o FDA tenha iniciado coleta de amostras, rastreabilidade e inspeção in loco, até o momento não revelou qual produto ou local estão sendo examinados.
Outro surto ativo envolve a Salmonella Enteritidis, com 129 casos registrados — um aumento de 17 casos em relação à semana anterior. Assim como no surto de E. coli, o FDA iniciou atividades de rastreabilidade e coleta de amostras, mas ainda não divulgou qual alimento está sendo investigado.
Em um terceiro episódio, relacionado à Salmonella Newport, o FDA encerrou as investigações sem conseguir determinar a fonte do patógeno. O surto afetou 36 pessoas, mas as autoridades não divulgaram detalhes demográficos ou geográficos dos casos.
Vale destacar que, segundo o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), estima-se que, para cada caso confirmado de infecção por Salmonella, existam 29 não diagnosticados, o que evidencia a subnotificação e a importância da vigilância epidemiológica contínua.
O caso mais concreto envolve pepinos produzidos pela Bedner Growers Inc., na Flórida. Até o momento, 45 pessoas de 18 estados foram afetadas, com 16 hospitalizações. As infecções abrangem um amplo espectro etário, de 2 a 84 anos, incluindo passageiros de cruzeiros.
As análises laboratoriais identificaram Salmonella Montevideo nos pepinos, confirmando o vínculo com os casos clínicos. Além disso, outras variantes de Salmonella também foram detectadas nas amostras, algumas já associadas a surtos anteriores, o que levanta preocupações sobre a persistência ambiental da bactéria nas propriedades produtoras.
Os episódios recentes nos EUA, especialmente os relacionados aos pepinos, são altamente relevantes para o setor de alimentos no Brasil. Assim como na Flórida, o Brasil possui ampla produção de hortaliças frescas, muitas vezes expostas a riscos semelhantes, como:
- Uso de água contaminada para irrigação (identificada como fonte em 2024 na Flórida).
- Falhas no manejo pós-colheita e armazenamento.
- Lacunas nos programas de monitoramento microbiológico preventivo.
Esses surtos reforçam a necessidade de práticas rigorosas de Boas Práticas Agrícolas (BPA), monitoramento contínuo da qualidade da água de irrigação e implementação robusta de programas de autocontrole em propriedades produtoras e centrais de distribuição.
Embora o Brasil ainda não registre surtos documentados em larga escala associados especificamente a pepinos, o acompanhamento de casos internacionais como estes deve servir de alerta preventivo para indústrias, produtores e órgãos de fiscalização nacionais.
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