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02/05/2022

Em meio ao aumento do sobrepeso no Brasil, embalagens de alimentos terão alertas nos rótulos

Alimentos ultraprocessados se tornariam mais baratos do que os in natura em 2026, mas com inflação e eventos climáticos, isso ocorrerá já no segundo semestre.


freepikPor Cleide Carvalho — São Paulo

Com mais da metade da população adulta do país acima do peso e percentuais superiores a 60% em cinco capitais, começam a chegar em outubro às prateleiras novos rótulos nas embalagens de alimentos. A parte frontal dos produtos terá de informar se há alto teor de açúcar, sódio ou gordura saturada — ou uma combinação deles. Os três são os principais vilões da dieta saudável.

>> Leia: Anvisa publica norma sobre gorduras trans industriais em alimentos

Para os especialistas, a medida, aprovada em 2020 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ajuda a retirar a obesidade da lista de dilemas individuais.

— Não são razões individuais que explicam o aumento da obesidade. O sistema alimentar é adoecedor — afirma Inês Rugani, do Grupo Temático Alimentação e Nutrição da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Mais impostos

O que está em jogo, segundo os especialistas, são as condições de vida a população. O tempo gasto no transporte público, a menor disponibilidade de produtos in natura e a ausência de locais públicos e seguros para prática de atividades físicas criam o que se chama de “ambiente obesogênico”, que contribui para o aumento de peso.

>> Leia: Rotulagem nutricional de alimentos - mudanças na rotulagem nutricional frontal e na tabela nutricional.

Para a pesquisadora Letícia Cardoso, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, são necessárias políticas que facilitem a escolha de alimentos saudáveis e desestimulem o consumo de produtos inadequados.

— É possível aumentar a taxação dos produtos ultraprocessados e dar publicidade aos malefícios que causam, como ocorreu com o cigarro — diz ela.

A alimentação à base frutas, verduras e vegetais é considerada chave para conter a epidemia de obesidade não só no Brasil, mas no mundo.

Dados da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram que, desde 2006, em média, 360 mil pessoas acima de 18 anos engrossaram as taxas de excesso de peso a cada ano. Dessas, 234 mil tornaram-se obesas — com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 30. Os dados referem-se somente à população as 26 capitais e do Distrito Federal.

Em 2021, 57,2% dos moradores destas cidades apresentaram excesso de peso — 22,4% deles, obesidade. Para Rafael Claro, especialista em nutrição em saúde pública e consultor do Ministério da Saúde para o projeto Vigitel, em 13 dos 16 anos da pesquisa Vigitel houve aumento das taxas da população adulta com excesso de peso. Em três, estabilidade.

No ano passado, as maiores taxas foram registradas em Porto Velho (64,4%), Manaus (63,4%), Porto Alegre (62,1%), Belém (61,2%) e Rio Branco (60,35%).

Segundo Claro, há ainda um novo complicador no incentivo à dieta saudável. No Brasil, os alimentos ultraprocessados estão cada vez mais baratos, enquanto os in natura encarecem.

Desde dos anos 2000 os preços dos alimentos ultraprocessados caíram sucessivamente. Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, com a participação de Claro, mostrou que a cesta de alimentos saudáveis custava em 1995, o equivalente a 53,08% do preço do grupo de ultraprocessados. Em 2017, o percentual subiu para 70%.

A previsão era que os ultraprocessados se tornassem mais baratos do que os in natura em 2026. Nos últimos dois anos, a inflação e sucessivos eventos climáticos — geada, seca e chuvas em excesso — aceleraram o processo.

— O custo dos ultraprocessados deve se tornar mais baixo no segundo semestre deste ano — estima Claro.

Enquanto a indústria alimentícia barateia custos, médios e pequenos produtores de verduras, frutas, legumes, arroz e feijão — alimentos saudáveis da dieta brasileira — são impactados pelas mudanças climáticas e pelo aumento de preços, como combustível e frete.

Enquanto o preço de um pacote de macarrão instantâneo varia de R$ 1 a R$ 2,50, em São Paulo um pé de alface custa hoje entre R$ 3 e R$ 10 em feiras da capital.

Quatro das cinco capitais com maior excesso de peso estão na região Norte, onde o consumo de frutas e hortaliças fica bem abaixo da média brasileira. Segundo o IBGE, enquanto o consumo per capita de hortaliças no país é de 23,7 kg por ano; na Região Norte, é de apenas 1,6 kg. O consumo de frutas é de 13,8 kg, metade da média nacional.

Exemplo do méxico

A Organização Mundial de Saúde (OMS) lista a obesidade entre os cinco maiores riscos para a mortalidade no mundo. A doença crônica costuma vir acompanhada de outras, como diabetes tipo 2 e hipertensão, aumentando o risco para doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e quadros de depressão e ansiedade.

Daniela Canella, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Universidade de São Paulo, diz que a mudança nos rótulos é positiva, mas insuficiente. Ela cita como exemplo o México. Segundo dados publicados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2013, o país passou a taxar alimentos e bebidas com alto teor de açúcar. O preço das bebidas subiu 10%. No primeiro ano, a venda diminuiu 5,5%. No segundo, 9,7%. O consumo de água cresceu 15% no período. Estudos estimam que 18.900 mortes serão evitadas até 2022.

Fonte: O Globo

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